Fusão cria maior varejista on-line de luxo

01/04/2015 às 05h00

Por Corinne Gretler | Bloomberg

A italiana Yoox fechou acordo para a compra da Net­a­Porter, do grupo suíço Richemont, em negócio a ser pago em ações, avaliado em cerca de € 719 milhões, que criará a maior varejista on­line de produtos de luxo no mundo. Segundo os termos da transação, a Richemont ficará com uma participação de 50% na Yoox, que será rebatizada com o nome Yoox Net­a­Porter Group, disse a proprietária das marcas Cartier e Chloe, com sede em Genebra, em no divulgada ontem. O fundador da Yoox, Federico Marchetti, será o diretorexecutivo, ao passo que a fundadora da Net­A­Porter, Natalie Massenet, será a presidente. A empresa combinada terá maior peso no mercado, num momento em que a competição se intensifica no varejo de bens de luxo na internet. Lojas de departamentos estão migrando para o mundo virtual e shoppings on­line, como a Amazon.com, estão desenvolvendo seções especializadas. Em setembro, o Neiman Marcus Group acertou a aquisição da Mytheresa.com. A fusão é positiva para o grupo Richemont, pois melhorará “consideravelmente” a lucratividade ao longo dos próximos três anos, segundo Alessandro Migliorini, analista da Mirabaud Securities. “O empreendimento recém­formado terá maior influência contra as gigantes de tecnologia que têm invadido a arena do luxo”. As ações da Yoox subiram 11%, para € 25,85 em Milão. Com base no preço de fechamento de anteontem, uma participação de 50% situa o valor da Net­aPorter em cerca de € 719 milhões. O papéis da Richemont caíram 2,1%, para 78,30 francos suíços, o que confere à empresa valor de mercado de aproximadamente 45,4 bilhões de francos (US$ 46,6 bilhões). “Os acionistas da Yoox parecem ter adquirido esse ativo a um valor relativamente bom, no contexto dos valores de empresas on­line”, escreveu Simon Bowler, analista da Exane BNP Paribas, em relatório ontem. Os direitos a voto da Richemont serão limitados a 25%, para garantir a independência da Yoox Net­a­Porter, e a empresa suíça também terá dois assentos no conselho. A Richemont disse esperar um ganho não recorrente de aproximadamente € 317 milhões com a transação. A empresa ficará proibida de vender metade de sua participação durante três anos. “Estamos, hoje, abrindo as portas da maior loja de moda de luxo do mundo”, disse Massenet, num comunicado de ambas as empresas. Massenet, exjornalista de moda e presidente do British Fashion Council, fundou a Net­aPorter em 2000. As empresas combinadas tiveram uma receita líquida de € 1,3 bilhão no ano passado, e o lucro ajustado (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em torno de € 108 milhões, segundo as empresas. A Yoox Net­a­Porter planeja vender até € 200 milhões em ações após a operação, para captar recursos visando uma expansão e conquistar novos acionistas, informou a Richemont, que vai investir na oferta. Negociações anteriores envolvendo a Richemont e a Yoox haviam sido suspensas em 2013. A Richemont vinha mantendo conversas com bancos para discutir opções relacionadas com a Net­a­Porter, disseram pessoas familiarizadas com a situação à Bloomberg em novembro. As opções incluíam uma venda ou uma oferta pública inicial de ações da empresa com sede em Londres, disseram as fontes na época. “Essa é uma fusão entre duas empresas pioneiras que representa uma mudança de jogo que já vem transformando radicalmente o mercado desde 2000 e que agora vai mudar, mais uma vez, o paradigma do setor”, disse Marchetti no comunicado.

Valor Econômico – SP