27/03/2015 Léa De Luca Tecnologia de última geração, serviços Taylor made e distribuição menos dependente de bancos são algumas das armas da credenciadora, que tem como donos os fundadores da Braspag e os bancos Pan e BTG Pactual O mercado de empresas credenciadoras, dominado atualmente por poucos concorrentes, tem um novo player com planos ambiciosos. Este será o ano em que a Stone, a mais nova entrante, quer decolar. Temos uma série de projetos na manga a serem anunciados em breve, disse ontem ao Brasil Econômico Augusto Lins, diretor da credenciadora de estabelecimentos para uso de cartões e outros meios eletrônicos de pagamento. Baseada em um modelo diferente do utilizado pelas grandes concorrentes Cielo (do Bradesco e Banco do Brasil) e Rede (do Itaú), a empresa está em fase final de negociação com três varejistas para prestar serviços em larga escala seja de mobile payment, e-commerce ou transferência de fundos (TEF). Lins não quis revelar os nomes das redes. Mas informou que os negócios devem estar concluídos no final do semestre. O executivo diz que a Stone quer chegar a 5% de participação no mercado até 2020. No final do ano passado, a Cielo tinha 54,5%, a Rede, 37,4% enquanto a empresa do Santander, GetNet, tinha 6,5% e a do Banrisul, a Vero, tinha 1,6%. Além dessas quatro e da Stone, o mercado brasileiro tem ainda as americanas Elavon (que tem parceria com o Citi e 1,2% do mercado, segundo a empresa) e a Global Payments, com o Banco de Brasília. A Stone não revela muitos números da operação porque, segundo Lins, ainda se considera uma presa fácil. Mas uma das armas que está usando para concorrer com as credenciadoras ligadas a grandes bancos é a customização de serviços e a tecnologia avançada. Nossa estratégia está em linha com a tendência da uberização’ da economia, diz Lins. O termo, derivado do aplicativo para smartphones Uber (que interliga motoristas a usuários precisando de caronas), significa trabalhar e ser remunerado por demanda. Ou seja, oferecer serviços diferentes para clientes diferentes. Hoje, por exemplo, as maquininhas’ de cartões são iguais e tem as mesmas funções em todos os estabelecimentos, diz. A Stone foi lançada em 2013 pelo Banco Pan, BTG e ex-donos da Braspag e iniciou suas operações há pouco mais de um ano. Segundo a empresa, até agora já conquistou mil clientes. Somos centrados no cliente e desenvolvemos soluções e serviços sob medida para as necessidades de cada segmento, afirmaLins. Segundo o executivo, as grandes concorrentes têm menos flexibilidade para adaptar suas redes às necessidades cada vez mais digitais dos clientes e consumidores. Não trabalhamos com troca de arquivos, mas com Big Data, tecnologia baseada em ciclos de dados criada pelo Google e usada pelas redes socais, explica. Lins acredita que a oferta de serviços customizados pode atender especialmente a demanda de profissionais liberais, como médicos, dentistas e advogados, bem como prestadores de serviços, como jardineiros e eletricistas. Poucos médicos aceitam cartões hoje porque as secretárias tem dificuldade de identificar qual cliente pagou o que naquele dia. Se três pagaram o mesmo valor com cartão, mas um dos cartões for recusado, o médico não pode saber qual dos três não pagou. Com a tecnologia da Stone, isso será possível, afirma. Outro grande foco da Stone será em comércio eletrônico: Oferecemos a primeira solução genuinamente de market place. O que existe no Brasil até agora são simulações, diz Lins. Market place é o nome dado a sites de e-commerce que reúnem diversos vendedores, centraliza e distribui os pagamentos, como a Amazon. Melhorar a usabilidade dos sistemas de pagamento dos sites é foco de investimentos da nossa parte. A experiência de pagamento é fundamental para a imagem da marca, diz. Lins admite, porém, uma limitação temporária, segundo ele. Estamos aguardando uma mudança na legislação do Banco Central (BC) para conseguirmos licença para trabalhar com a bandeira American Express. Por enquanto, a Stone processa cartões com as bandeiras Visa e MasterCard. A entrada da Stone e de outras desafiantes ao duopólio CieloVisa é resultado de uma mudança de regra do BC que instituiu a livre concorrência nesse mercado em 2010. Até então, as maquininhas da Visanet somente cartões Visa e as da Redecard, só as da bandeira Mastercard. Agora todas as maquininhas podem aceitar todas as bandeiras, contanto que tenham a licença. A ideia do BC com a nova regra era reduzir os preços cobrados. Mas até agora a dominância das duas grandes segue e os preços caíram pouco. Lins diz que não acredita em guerra de preços: Não vamos competir por preço, mas teremos preços muito competitivos.
Brasil Econômico – SP