19/03/2015 ALFREDO ASSUMPÇÃO – Chairman e partner do Grupo Fesap Comparando cada empresa contra cada país, as 50 maiores multinacionais têm receita maior do que o PIB de 70% dos países. A receita das multinacionais fora do país de origem ronda US$ 40 trilhões, mais da metade do PIB mundial, com US$ 73,5 trilhões em 2013. O total de exportações dos países está próximo de US$ 20 trilhões, a metade do que fazem as multinacionais fora do país de origem. O total de exportações do Brasil, sétima maior economia, nos seus quase US$ 230 bi, é menor do que a receita de cada uma das dez maiores transacionais. Se entrarmos em qualquer farmácia ou supermercado, vamos encontrar mais de cem marcas globais. Ao pegarmos a receita das dez maiores transnacionais, somente três países (EUA, China e Japão) têm PIB maior do que as vendas conjuntas anuais dessas empresas. O PIB da Grécia, epicentro da crise da Zona do Euro, nos seus US$ 308 bilhões, é inferior à receita de cada uma dessas empresas, cuja receita anual totaliza US$ 3,7 trilhões. Em 2010, o PIB conjunto de EUA e União Europeia atingia 49,5% do PIB global. Em 2013, essa participação caiu para 46%, com perda de riqueza nessas regiões desenvolvidas de US$ 2,6 trilhões, que foram transferidos para mercados emergentes. Em 1980, os países emergentes representavam apenas 24,2% do PIB mundial. Em 2013, essa representação subiu para 38,5%, com US$ 10,5 trilhões de transferência de riqueza dos países desenvolvidos para os emergentes. Para complementar essa base econométrica, de acordo com o Credit Suisse, tínhamos um total de poupança global em 2010 de US$ 195 trilhões. Em 2011, atingiu US$ 231 trilhões e a projeção para 2016 é termos uma poupança no planeta de US$ 345 trilhões. O que podemos tirar de conclusão com tudo isso? Essas empresas transnacionais são apátridas. Cuidam melhor dos seus recursos humanos do que qualquer país conseguiria. Elas são a locomotiva motriz de qualquer economia de qualquer país no globo. Quer crescer e desenvolver sua economia, use o setor privado. Elas estão presentes em mais de cem países, dando tratamento uniforme a todos. O eixo do poder migra de governos para mercado privado. Essas transnacionais sabem que para competir no globo e conquistar territórios econômicos através da colocação dos seus produtos e serviços, em padrão de qualidade superior e a preços competitivos, precisam contar em seus quadros com o melhor talento. Fabricam seu produto onde conseguem melhores custos. As nações que tiverem melhores padrões legais, estabilidade política, estabilidade econômica e talentos disponíveis, recebem seus investimentos. Se o Brasil fizer seu dever de casa, consegue receber muitos deles. Qual o dever de casa? Basta usar o setor privado para tocar sua economia. Então, Brasil, consiga desenvolver seus talentos, reduza seu custo de produção, privatize suas estatais e cresça rapidamente. E tudo aproveitando seu capital humano, desde aquele instalado no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, até os trainees de gerência sendo desenvolvidos pelas empresas mais bem preparadas, com cultura de desenvolvimento. Eu acredito no Brasil. Chegaremos lá. Caminhamos para uma cultura de honestidade, profissionalismo e meritocracia, integrando-nos gradativamente na economia global.
Brasil Econômico – SP