Por: Patrícia Barros – Editora
O ano de 2015 pode ser sim diferente de 2014 para alguns setores da economia. Pelo menos no que depender do otimismo dos empresários do setor imobiliário, o ano deve seguir sem problemas, e a cadeia produtiva da construção civil vai continuar respondendo imediatamente à conjuntura econômica, contratando mão de obra, adquirindo insumos de origem nacional e movimentando a economia.
Esta é a expectativa do economista Cícero Péricles, que abre hoje uma série de entrevistas e reportagens do caderno Imobiliário & Construção sobre o cenário da construção civil e mercado imobiliário em Alagoas. Em parceria com as principais entidades do setor – Ademi e Sinduscon – serão abordadas as principais agendas positivas que envolvem esta importante cadeia produtiva. Investimentos em imóveis, qualificação da mão de obra, inovações tecnológicas das empresas, ações ambientais e de segurança de trabalho são alguns pontos que serão debatidos nas próximas semanas.
Cícero Péricles fala nesta entrevista do mercado imobiliário de Maceió, programa Minha Casa Minha Vida e diz que a perspectiva é muito mais positiva nas cidades nordestinas que as das capitais dos estados do Sudeste.
Uma pesquisa da Prospecta Inteligência Imobiliária apontou Maceió como a segunda melhor cidade do Nordeste para se investir em imóveis. A que você atribui isso?
Maceió é uma cidade competitiva porque é o 41º município mais rico entre os 5.560 municípios do Brasil. Ele concentra 48% de toda a riqueza do Estado. Com um milhão de habitantes, e com uma boa infraestrutura, a cidade é uma alternativa mercado imobiliário para todo o Estado, ou seja, para a população alagoana como um todo, que hoje são mais de três milhões. O mercado imobiliário e da construção de Maceió é dinâmico porque reflete, obrigatoriamente, a economia da cidade e porque é mais expressivo no Estado a qual ele pertence. Investir numa capital é sempre diferente de realizar negócios numa cidade do interior, ainda que ela seja rica e dinâmica. Maceió, por exemplo, tem atrativos que nunca dividirá com outra cidade alagoana. Ademais de estar no litoral, ela possui o peso de ser a capital política do Estado, de abrigar um terço da população de Alagoas, ter uma renda média que é o dobro da alagoana, ser o centro cultural do Estado por abrigar seus principais equipamentos, redes de ensino e mídia mais expressiva; concentrar os principais polos de saúde e educação, abrigar indústrias e uma rede de serviços e comércio, que significam mais oportunidades; e, para completar, ser a sede administrativa do Estado, com toda a burocracia federal e estadual. Tudo isso implica ter a prefeitura com maior arrecadação e maior capacidade de investimentos, aliada as obras estaduais que, quase sempre, estão centralizadas na capital.
Essa mesma pesquisa trouxe um dado interessante: 54,4% dos imóveis em Maceió na condição de próprio e quitado têm seus donos que compraram à vista ou então já liquidaram as prestações de financiamento. Isso contribui para fortalecer o mercado?
O IBGE, no Censo de 2010, detectou que, em Maceió, 68% dos domicílios permanentes eram próprios, ou seja, dois terços dos imóveis residenciais pertenciam aos seus moradores. Mas, por outro lado, um terço ainda habitava em imóveis alugados ou cedidos. Esses números apontam, numa grande cidade como Maceió, um imenso espaço para a construção civil e para as imobiliárias. Primeiro, porque os proprietários de imóveis tendem, a depender da melhoria de renda, investir em um segundo imóvel, por razões de necessidades familiares ou segurança de investimento. Por sua vez, os que vivem em imóveis alugados ou cedidos buscam uma saída a esta situação instável pela compra de um novo imóvel. Esse déficit habitacional é um estímulo para a construção civil alagoano. Outro aspecto importante é que o tecido urbano de Maceió ainda é pouco verticalizado, ou seja, apenas 15% de sua população vivem em apartamentos. Como a tendência é a de que as grandes cidades verticalizem suas construções, o espaço para esses novos investimentos é ainda muito amplo na capital alagoana. Maceió ainda possui outras vantagens competitivas, como sua posição geográfica privilegiada, que a transformou num destino turístico nacional, e que, por isso, a capital alagoana vem atraindo novos compradores e investidores de outras unidades da federação para o mercado imobiliário local.
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