13/02/2015 às 05h00
Por Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
Depois de apurar lucro líquido recorde de R$ 490,2 milhões em 2014, 13,1% maior do que o de 2013, a Grendene iniciou 2015 com receitas superiores às apuradas no primeiro bimestre do ano passado e acima das projeções feitas em dezembro. “Estamos vendendo mais e melhor no mercado interno e no mercado externo” , disse ontem o diretor financeiro e de relações com investidores da fabricante de calçados, Francisco Schmitt. A expectativa da empresa é que, apesar das incertezas em relação à economia, o mercado doméstico de calçados deve crescer entre 2% e 3% em 2015, após uma queda estimada entre 6% e 7% em 2014. Ele não vê grande impacto do aumento dos juros sobre as vendas, já que elas não dependem de crédito em função dos tíquetes mais baixos dos produtos. Ao mesmo tempo, as exportações que puxaram o crescimento das receitas no ano passado seguem beneficiadas pela alta do dólar em relação ao real, afirmou o executivo. As vendas para destinos como Argentina e Venezuela enfrentam limitações, mas a empresa exporta para mais de 90 países e não depende de mercados específicos, ressalvou. Pelo lado dos custos, o câmbio não está prejudicando a empresa porque os preços das resinas em dólar estão caindo mais do que a alta da moeda americana diante do real. Schmitt também minimiza os impactos da elevação dos preços da energia no Brasil em 2015, porque o insumo representa de 1% a 2% dos custos da empresa. Em 2014, o desempenho da Grendene foi beneficiado pela desvalorização cambial, especialmente no quarto trimestre, que ampliou as receitas e margens em reais nas exportações. A empresa também promoveu maior controle de gastos, fez ajustes de portfólio e recomposições de preços nas trocas de coleções, a cada 90 a 120 dias, para cobrir aumentos de custos verificados ainda na segunda metade do ano anterior. Com isso, a receita bruta subiu 0,3% no ano passado, para R$ 2,72 bilhões, com alta de 13,8% nas exportações, para R$ 642,6 milhões, e queda de 3,2% no mercado interno, para R$ 2,08 bilhões. As vendas físicas cresceram 3,3% no mercado externo e caíram 7,8% no Brasil. A receita líquida aumentou 2,1%, para R$ 2,23 bilhões. Após o resultado de 2014, a empresa decidiu estender de 2015 para 2018 o período de validade da meta de crescimento composto médio anual de 8% a 12% para a receita bruta e de 12% a 15% para o lucro líquido. Nos últimos seis anos, a receita teve avanço anual médio de 9,5% e o lucro, 12,7%, disse Schmitt. No segundo semestre de 2015 a Grendene pretende iniciar no Brasil as vendas dos móveis da marca TOG, lançados na Europa no terceiro trimestre de 2014. Os produtos são fabricados na Itália em regime de terceirização. A operação é fruto de uma parceria com o designer francês Philippe Starck e a ideia é criar uma “marca mundial” no segmento, disse Schmitt. Ele explicou que para se tornar viável para a Grendene o negócio deve faturar pelo menos R$ 100 milhões por ano, mas não fez uma projeção de quanto tempo será necessário para atingir este patamar. Já em 2016 ou 2017, no entanto, a empresa deverá alcançar o “ponto de equilíbrio” entre receitas e despesas, disse. Ainda no quarto trimestre de 2014, a Grendene começou a produzir calçados das marcas Azaleia e Dijean sob licença da Vulcabrás.
Valor Econômico – SP