02/02/2015 às 05h00
A parcela do orçamento familiar mensal comprometida com o pagamento de dívidas financeiras ficou menor em novembro, de acordo com dados divulgados sexta-feira pelo Banco Central (BC). O comprometimento da renda das famílias ficou em 21,23% em novembro, ante 21,57% em outubro e 21,69% em novembro de 2013. Esse foi o segundo mês consecutivo de queda do indicador.
Houve recuo tanto na parcela comprometida com amortização do principal da dívida como na parte que vai para o acerto dos juros. Em novembro, 12,32% do orçamento mensal das famílias se destinava à amortização de dívidas e 8,91% ao pagamento de juros. Em outubro, essa divisão era de 12,52% e 9,05%. Em novembro de 2013, era 12,92% e 8,77%.
Não custa lembrar que os bancos trabalham, de forma geral, com um teto de 30% da renda mensal de um indivíduo comprometida com empréstimos para limitar a concessão de novos créditos. Além de aumentar a chance de inadimplência, cruzar esse limite costuma dar margem para ações judiciais alegando “super-endividamento” de consumidores, afirma um executivo de banco.
O endividamento das famílias, que mede a relação entre o estoque total de empréstimos pessoa física e a renda anual das famílias, também teve leve recuo em novembro, para 45,8%. Em outubro, estava em 46,03% e em novembro de 2013, 45,58%. Descontando o crédito habitacional, a queda no endividamento foi maior. Em novembro, o indicador estava em 28,06%, ante 28,39% em outubro e 30,03% em novembro de 2013.
O recuo mais acentuado do indicador sinaliza uma mudança no perfil da dívida do brasileiro. Com o avanço do crédito imobiliário, as dívidas de consumo perderam espaço nas operações de financiamento para famílias. Como o crédito habitacional é de longo prazo com juro mais baixo, acaba tendo peso menor no orçamento familiar mensal.
O outro lado desse avanço do crédito imobiliário no perfil da dívida é que quem compra a primeira casa migra de um endividamento não financeiro (o aluguel) para o setor financeiro. Embora essa mudança não tenha muitos impactos no endividamento global do indivíduo, esse incremento em seu endividamento financeiro pode limitar sua capacidade de contratação de novos empréstimos.
Valor Econômico – SP