ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
Investidores e analistas brasileiros estão se tornando “excessivamente pessimistas” em relação ao futuro econômico do país.
A opinião é do badalado economista americano Nouriel Roubini, conhecido por “Sr. Apocalipse”, em razão de seu contumaz pessimismo. No caso brasileiro, ao contrário, diz-se “cautelosamente otimista”.
Não que a situação do país seja positiva. Para Roubini, o governo cometeu erros nos últimos anos que levaram à situação de baixa confiança na economia, desajuste nas contas públicas, inflação elevada e crescimento fraco.
Mas, segundo o economista, o novo time econômico nomeado por Dilma Rousseff está comprometido em adotar as medidas necessárias para reverter esse quadro.
“Eles estão comprometidos em fazer a coisa certa ainda que, paradoxalmente, isso leve no curto prazo a crescimento zero, inflação e desemprego mais altos”, disse Roubini ontem, em palestra organizada pelo banco Credit Suisse, em São Paulo.
O economista diz ter se encontrado com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, no Fórum Econômico Mundial de Davos, na semana passada.
Ele ressaltou que o novo time econômico demonstrou compromisso com um superavit primário de 2% do PIB.
SUICÍDIO
Segundo Roubini, ainda prevalece no Brasil a percepção de que Dilma e os líderes políticos brasileiros retirarão o apoio às medidas anunciadas por Levy –como corte de gastos e aumento de impostos– conforme seus resultados recessivos de curto prazo surgirem. Mas ele discorda dessa visão: “Se eles fizerem isso, será suicídio econômico e político”.
Para o economista, caso o ajuste seja abandonado, o real entrará em “queda livre” e o Brasil perderá o grau de investimento, espécie de selo dado pelas agências de risco que atesta ser seguro aplicar dinheiro em uma empresa ou um país.
Folha de S. Paulo – SP