A cada hora, uma cadeira Uma é vendida pelo site da Oppa. A peça, criada pelos designers da empresa e produzida em oito cores diferentes, é o bestseller da loja virtual, no ar desde o fim de 2011. A cadeira, que custa R$ 199, é o único item imutável por lá e contrasta com o dinamismo da “startup”, que conta com 150 pessoas na equipe.
Em três anos de operação, a Oppa aumentou seu portfólio, mudou sua sede de Barueri (SP) para o bairro Vila Leopoldina, em São Paulo e em 2014 deu seu passo mais ousado: migrou para o varejo tradicional. A empresa abriu sete showrooms, três em São Paulo, um em Brasília e três no Rio de Janeiro. “Em 2015, nossa meta é ter oito lojas próprias e abrir 20 franquias. As pessoas vão à loja e lá compram pelo site. Mas já estamos reformando alguns espaços para ter algumas peças em pronta entrega, como almofada, luminária. O mercado está retraído, mas crescemos 70% em vendas”, afirmou Gabriel Hamsi, diretor da marca.
Segundo a consultoria Ebit, o comércio eletrônico brasileiro faturou R$ 35,8 bilhões no ano passado, um crescimento de 24% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre do ano passado, as vendas online de móveis e produtos de decoração representaram 6% do total negociado pelo setor, de R$ 16 bilhões. Em 2013, a categoria ocupou o sétimo lugar no ranking de mais vendidas. O nicho é considerado pelo Ebit como emergente. Em dezembro de 2008, móveis e decoração representavam apenas 3% do volume de pedidos online. O potencial de expansão têm atraído investidores.
“Há ainda uma preocupação em educar o consumidor. Ele está se acostumando a comprar sofá pela internet. E justamente por isso é uma oportunidade de negócio com muito potencial”, afirma Antony Martins, CEO e sócio do site Westwing no Brasil. Para ajudar o consumidor a fazer a lição de casa, a Westwing também foi para o varejo convencional. Em meados de novembro, a varejista online inaugurou uma loja no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, que ficará aberta até maio. “Isso pode ser estendido, é uma ação de consolidação da marca e está superando nossas expectativas. A Westwing está presente em 15 países e esta iniciativa é inédita”, diz Alexandra Tobler, diretora de estilo.
O Westwing iniciou operações no Brasil em novembro de 2011 e é controlado pelo fundo alemão Rocket Internet, que investe também na Dafiti, entre outras empresas no país. Por meio de campanhas temáticas, o site oferece produtos com descontos por cerca de quatro, cinco dias. É possível comprar produtos de marcas como Baccarat e Versace e navegar por artigos agrupados sob temas diversos (por exemplo, “dia de receber os amigos” ou “mesas refinadas”). Com design amigável e informações sobre decoração, além da simples exposição dos produtos, o site está, segundo os sócios, inserido em uma nova geração de lojas virtuais, com cara de “revista”, que pode ser batizada de “shoppable magazine”. Seu modelo de negócio não prevê estoque. “Não precisamos comprar previamente, apenas reservamos os produtos. Isso significa que não temos risco de estoque parado”, diz Andres Mutschler, sócio do site no Brasil.
A Westwing tem 350 funcionários no país e 5 milhões de pessoas cadastradas. Victor Noda, fundador do site Mobly, justifica com um dado sua aposta no crescimento das vendas de móveis pela internet. “Na Mobly, 15% das vendas mensais são feitas para pessoas que estão comprando móveis pela internet pela primeira vez. Adquirir o produto sem ver pode até ser um empecilho, mas consumidores estão se acostumando”, afirma. Os sofás são os produtos mais vendidos pelo site. Apesar da desaceleração do consumo em 2014, Noda diz que seu faturamento triplicou no ano e as operações foram ampliadas. Em outubro, seu armazém passou de 10 mil metros quadrados para 30 mil metros quadrados. O número de itens à venda dobrou para 75 mil. A Mobly estuda a possibilidade de abrir um showroom, para fortalecer a marca. O primeiro passo foi dado com a participação na mostra “Morar Mais por Menos”, que aconteceu em setembro, no Rio de Janeiro. Hoje a Mobly tem 6 milhões de visitas por mês e 600 fornecedores. Para 2015, Noda prevê novo aumento do armazém e a criação de um centro de distribuição no Nordeste para diminuir o prazo de entrega na região. Até mesmo os novatos do segmento estão apostando em lojas físicas, ainda que temporárias. Lucila Turqueto, que está à frente do blog Casa de Valentina, abriu a sua em dezembro, em São Paulo. Seu site tem 4 milhões de acessos mensais e funciona como uma espécie de vitrine virtual para mais de 100 marcas. Os varejistas se cadastram para oferecer seus produtos, mediante o pagamento de uma mensalidade. Segundo Lucila, muitos consumidores pediam para ver as peças ao vivo, o que a estimulou a montar a loja temporária no mês passado. A ideia é repetir a experiência de tempos em tempos.
Valor Econômico – SP