Apesar das restrições criadas pelo ajuste fiscal, a Caixa Econômica Federal faz planos para expandir a sua carteira de crédito acima da média de seus concorrentes em 2015, ainda que com alguma desaceleração em relação a 2014. Sua meta será uma taxa de crescimento pouco inferior a 20%, ante um ritmo de 12% projetado pelo Banco Central para o mercado bancário como um todo.
“A Caixa capta 80% dos seus recursos no mercado, em instrumentos como depósitos de poupança e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), por isso não dependemos do Tesouro para crescer”, afirma o vice-presidente de finanças da Caixa, Marcio Percival. “Não é correta a visão de que a expansão de crédito da Caixa é feita com recursos fiscais.” Ainda assim, deverá haver desaceleração do crescimento da Caixa em relação à expansão esperada de 22% em 2014. Com isso, a Caixa terá também uma menor necessidade de levantar recursos no mercado. As captações líquidas em mercado são estimadas em R$ 60 bilhões, ante R$ 84 bilhões em 2014. “Não temos pressão para captar recursos no mercado”, diz Percival. Não falta, também, capital.
A caderneta de poupança segue como carro-chefe das captações. Em períodos de aperto de juro básico, há um deslocamento de parte dos poupadores para outras aplicações mais atrativas. Mas, mesmo assim, a expectativa do banco federal é ter captações líquidas, graças a uma base de clientes menos sensível a preço e que é mais fiel à tradicional caderneta de poupança. Outra alternativa são as LCIs, uma letra de crédito ligada ao crédito imobiliário cujo maior atrativo para os investidores é a isenção de Imposto de Renda. Para os bancos, a vantagem é um custo menor de captação no caso da Caixa, tem sido a terceira fonte de recursos mais barata, atrás dos depósitos à vista e dos depósitos em caderneta. Os rendimentos pagos pela Caixa nas LCIs oscilam entre 82,3% da variação do CDI, o juro interbancário, a 97% do CDI. A remuneração oferecida depende de condições como prazo das operações, carência para resgate, volume de recursos aplicados e grau de reciprocidade do cliente.
Na média, a Caixa paga uma taxa equivalente a 90,5% do CDI, afirma Percival. Do estoque de R$ 85 bilhões em LCIs colocadas em mercado pela Caixa, apenas R$ 5 bilhões oferecem uma taxa equivalente a 97% do CDI, ressalta o executivo. Para fazer jus a essa remuneração mais alta, a aplicação deve ser maior do que R$ 10 milhões e ter um prazo de carência de resgate de pelo menos 746 dias, além de ter um grau maior de relacionamento com o banco federal, consumindo outros produtos e serviços financeiros. Percival diz que oferecer uma remuneração maior faz sentido para prazos maiores. Segundo ele, os retornos das LCIs com carência de dois anos são comparáveis ao oferecido com as Letras Financeiras (LFs) de prazo semelhante, com custo de cerca de 104% do CDI. O bom rendimento também é tido como boa estratégia para atrair e fidelizar clientes de alta renda.
Valor Econômico – SP