23/12/2014 às 05h00
Por Tatiane Bortolozi | De São Paulo
Maior oferta de pessoas em busca do primeiro emprego e que, treinadas, produzem mais e buscam uma carreira mais longa na mesma companhia. É por isso que empresas de call center estão expandindo operações para o Nordeste, que também oferece custos mais baixos de operação com metro quadrado e conectividade mais baratos, por exemplo e isenção ou redução de impostos. A região aumentou sua fatia no número de empregos criados pelo setor em 2006 era de 11,8% e no ano passado subiu para 18,7%. O Sudeste manteve participação de 74,4%, no mesmo período. “A disponibilidade de mão de obra, principalmente de mulheres e de jovens
em busca do primeiro emprego, torna as cidades do Norte e Nordeste especialmente atrativas”, diz Hélio Costa, presidente do conselho de ética da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT) e exministro das Comunicações.
O perfil dos trabalhadores é composto, em sua maior parte, por mulheres eram 77,5% em 2013 e jovens com Ensino
Médio completo (69%), que conciliam o trabalho com estudo, segundo pesquisa da LCA Consultores encomendado pela
ABT. Com cerca de 80 mil funcionários no Brasil, a Contax já concentra a maior parte de sua força de trabalho (51,4%)
no Nordeste. A trajetória começou com unidades em Fortaleza e Salvador, em 2004. No primeiro trimestre de 2015, a empresa espera estar com uma nova central de atendimento em João Pessoa em plena operação. “É uma mão de obra comprometida, que fica na empresa por mais tempo, diminuindo as perdas com rotatividade”, diz Luis Rocha, diretor geral da Contax, considerada uma das maiores empresas de call center do país. No Sudeste, que concentra o setor, a maior oferta de empregos diminui o tempo
médio de carreira na empresa. Ir ao Nordeste ajudou a Contax a reduzir custos e despesas para sustentar a
expansão internacional. Não houve diferença de salários ou carga horária, segundo a companhia; mas, fora dos centros, há menos troca de funcionários, e os gastos com contratação e treinamento caem, diz Rocha.
A AeC, fundada em 1992 em Minas Gerais, tem 63% de seus 30 mil funcionários no Nordeste e 37% no Sudeste. A companhia inaugurou a primeira central de atendimento da região em Campina Grande (PB) em 2012. A partir de então, a concentração de atividades no Sudeste perdeu espaço. O sóciofundador Cássio Azevedo diz que o maior impacto veio na qualidade do atendimento, percebida pela empresa na forma de mais rentabilidade. “O sotaque chega a ser um charme.” A AeC encerra 2014 com 15 unidades. Em 2015, espera ter de 18 a 20 centrais de atendimento, incluindo a de Arapiraca (AL), a ser inaugurada em janeiro. A AlmavivA chegou ao Nordeste no ano passado, com uma unidade em Aracaju. Abriu mais duas centrais: em Maceió e Teresina. Ao todo, são mais de 10 mil representantes de atendimento e Giulio Salomone, vicepresidente do conselho de administração da AlmavivA do Brasil, diz que a perspectiva é de expansão.
Valor Econômico – SP