30/11/14
Elas esperam faturar com o grande fluxo em varejistas e shoppings
A concorrência no mercado de cartões e o esforço para aumentar a penetração do plástico nas vendas em que o dinheiro e o cheque ainda predominam enquanto meio de pagamento estão fazendo com que as credenciadoras ampliem sua rede de distribuição que, agora, chega ao ambiente físico. Na semana passada, Cielo, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, e a sueca iZetlle, que tem joint venture no Brasil com o banco Santander, anunciaram iniciativas nesta direção.
Atualmente, os meios tradicionais de venda de serviços de adquirência, o aluguel das máquinas de cartões (em inglês, MDR), são call centers, on-line e representantes comerciais. Os bancos também são um forte canal de distribuição uma vez que ofertam o produto em suas agências bancárias.
Embora a comercialização no meio físico seja mais onerosa para as empresas, a rentabilidade desse canal se dará, conforme especialistas, em meio ao grande fluxo de pessoas que transitam em varejistas e shoppings e que são potenciais novos clientes. Além disso, apostam ainda em ofertar mais serviços para lojistas e autônomos que já estão em sua base.
A Cielo inaugurou ontem a sua primeira loja física no Shopping Ibirapuera, em São Paulo. Mas não deve parar por aí. A estratégia da credenciadora é abrir unidades próprias em todo o Brasil em locais com bom fluxo de pessoas. A próxima loja da Cielo já tem destino. Será no Rio de Janeiro e deve ser inaugurada no primeiro trimestre de 2015.
“Sabemos que os novos entrantes (adquirentes) vêm para desafiar a nossa liderança e, para mantê-la, teremos de continuar investindo em inovação e serviços. Se não formos os melhores, poderemos sofrer. As lojas físicas são parte da nossa estratégia de sermos vistos pelo pequeno varejista como parceiro dele em adquirência”, disse Eduardo Chedid, vice-presidente Comercial Varejo da Cielo, em coletiva de imprensa, anteontem.
A aposta da Cielo, que tem mais de 1,5 milhão de clientes ativos, é de que potenciais clientes, principalmente, autônomos, ao verem a loja física, conforme ele, sejam atraídos para incluir o recebimento de cartões em seus negócios. Esse público tem sido alvo de forte disputa entre as credenciadoras. A razão, conforme executivos do setor, é a rentabilidade deste público que, geralmente, é maior devido às margens mais atrativas de negociação. Na Cielo, mais de 85% da base, de acordo com Chedid, são microempreendedores, pequenas e médias empresas.
A sueca iZettle, que tem uma joint venture no Brasil com o espanhol Santander, vai começar a oferta em lojas físicas a partir da próxima semana. No seu caso, porém, a iniciativa será feita em parceria com a varejista Kalunga, do setor de papelaria. Trata-se de um projeto piloto com duração de um mês e que será implantado em três lojas em São Paulo. Passada a fase de testes, os leitores da iZettle que, plugados em smartphones e tablets, capturam transações com cartões, estarão disponíveis nas mais de 130 lojas da Kalunga espalhadas no território nacional.
Com 135 mil usuários no Brasil, a iZettle espera alcançar a marca de 150 mil usuários até o final deste ano. A empresa, que iniciou suas atividades em agosto de 2013, detinha 35 mil usuários há pouco mais de um ano. “A adesão de usuários por nossa solução está em linha com o que imaginávamos. A concorrência com outros subadquirentes é positiva. O potencial no Brasil é imenso”, disse Anders Norinder, CEO da iZettle no Brasil, em recente conversa com jornalistas.
A expansão da oferta de serviços de adquirência via lojas físicas, na opinião de Frederic de Mariz, analista do UBS, é um impulso para o crescimento da aceitação de cartões no Brasil além de ser um apoio para os varejistas que poderão solucionar problemas de imediato. “Essa estratégia é positiva. Nos Estados Unidos, diferente do mercado brasileiro, os varejistas compram as máquinas que capturam transações de cartões, mas não têm suporte algum dos adquirentes que é um valor agregado oferecido pelos adquirentes no Brasil”, avalia ele.
Outras adquirentes como GetNet, do Santander, Rede (ex-Redecard), do Itaú Unibanco, e Elavon, que tem parceria com o Citibank, ainda não têm ou pelo menos não anunciaram estratégias de venda física além das agências bancárias. No caso do banco espanhol, o foco é o combo conta-conecta. Além de um pacote de serviços de conta-corrente, os autônomos, profissionais liberais e microempreendedores, levam ainda o leitor de cartões da iZettle. (Estadão Conteúdo)
Cruzeiro do Sul (Sorocaba) – SP