26/11/2014
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
A marca de brinquedos Fisher-Price, da Mattel, começa a disputar o mercado de moda infantil no país. A multinacional fez um acordo de licenciamento com a brasileira Zig Mundi, que vai produzir e distribuir a coleção. O Brasil é o segundo país a vender roupas da Fisher-Price. O primeiro foi a China, também a partir de um acordo com uma confecção local.
“Temos um acordo na China, mas o Brasil é o único país onde foi desenvolvida uma coleção que traduz o conceito dos brinquedos nas roupas”, afirmou Philippe Bost, diretor de licenciamento da Mattel do Brasil. Dependendo do êxito de vendas no país, a Mattel avalia desenvolver parcerias semelhantes na Europa. Ele não confirma, no entanto, se a Zig Mundi poderia produzir para outros mercados além do Brasil. “Isso ainda não foi discutido. O desafio no momento é consolidar a marca no Brasil”, disse Márcio Gonçalves, sócio e diretor comercial da Zig Mundi.
O mercado brasileiro de roupas para crianças tem crescido mais que o setor de vestuário em geral – 6% este ano, enquanto a indústria têxtil recua 0,9%, segundo a Abit, que reúne os fabricantes. Grifes como Ellus (da holding Inbrands) entram no segmento e empresas já especializadas, como Tip Top e Alô Bebê expandem as operações.
A nova linha inspirada nos brinquedos Fisher-Price foi desenvolvida pela Mattel e pela Zig Mundi durante um ano. A primeira coleção, de outono e inverno, estará nas lojas a partir de março de 2015. Serão 44 produtos incluindo calças, camisas, macacões e bodies, entre outros.
Gonçalves estima que, em 2015, a linha Fisher-Price represente em torno de 10% da produção da Zig Mundi, chegando a 30% no longo prazo. A empresa produz entre 80 mil e 100 mil peças por mês. Este ano, diz ele, as vendas estão crescendo 30%. O valor da receita, no entanto, é mantido em sigilo. Os produtos da companhia são vendidos em 2 mil varejistas multimarcas e em 11 lojas da marca Zig Mundi, abertas nos últimos 14 meses em São Paulo e no Paraná. Para 2015, a meta é inaugurar mais 10 lojas exclusivas, com investimento de pelo menos R$ 3,5 milhões. A expansão, segundo Gonçalves, terá como alvo cidades de grande porte das regiões Sul e Sudeste.
Philippe Bost, da Mattel, não divulga projeções para o mercado brasileiro. O executivo disse apenas que as vendas no país crescem dois dígitos por ano. Globalmente, a Mattel encerrou o terceiro trimestre com queda de 8% na receita, para US$ 2,21 bilhões, e alta no lucro líquido de 16,4%, para US$ 422,8 milhões. Apenas na linha Fisher-Price, a redução na receita global foi de 16%, para US$ 663,4 milhões.
Apesar do resultado negativo fora do Brasil, Bost estima que as vendas de moda infantil vão ajudar a companhia a expandir a receita no país com a Fisher Price. “Nossa expectativa é que esse licenciamento fique entre os quatro ou cinco segmentos mais importantes para a Mattel em receita no país”, disse. Ele citou entre as principais fontes de receita na área de licenciamento hoje: brinquedos, artigos de higiene e saúde, alimentos e material escolar. A Mattel tem parcerias com 60 empresas no Brasil, que juntas produzem em torno de 8 mil itens com marcas como Barbie e Hot Wheels. Entre seus parceiros estão Avon, Bandeirante, Brandili, Caloi e Faber-Castell.
Valor Econômico – SP