18/11/2014 às 05h00
Por Vanessa Barone | Para o Valor, de São Paulo
Primeiro tinha sido a Gucci, com uma butique no JK Iguatemi. Agora, foi a vez da Prada abrir uma loja exclusivamente masculina em São Paulo (no shopping Iguatemi). E a mensagem que fica no ar é clara: já passou da hora do homem brasileiro perder a vergonha de ser fashion. Artigo de primeira para vesti-lo bem é o que não falta. Os recentes desfiles da SPFW, embora em número reduzido de opções para eles, mostraram alguns caminhos certeiros para fugir da mesmice. As marcas “gringas”, como sempre, deverão ir mais longe. É agora ou nunca.
O estilista João Pimenta novamente se destacou na semana de lançamentos para o outono-inverno 2015. Ele é um dos poucos que não enxerga o homem como coadjuvante, mas como protagonista nesse enredo de ficção chamado moda. E isso é mais do que oportuno. Ser protagonista significa ser dono do próprio estilo e bancá-lo até o final. Basta dizer que cerca de 37% dos homens brasileiros ainda vão às compras acompanhados da mulher (segundo pesquisa do IEMI, Instituto de Estudos e Marketing Industrial de 2012) para saber que eles têm um longo caminho a percorrer rumo à independência.
João Pimenta propõe texturas para tornar o visual mais interessante. Elas podem estar numa jaqueta de estilo esportivo, mas também em costumes e ternos. Há opções para os mais discretos, que não vão além de uma leve silhueta de estampa, até para os extravagantes, que toparão misturar desenhos da natureza com xadrez.
Entre os conhecidos efeitos de passarela – que exageram nas propostas para passar um recado – há boas ideias para tornar o guarda-roupa mais estimulante para quando os dias frios chegarem. Em termos de modelagem, as peças marcam alguns pontos do corpo masculino, como ombros e cintura. Estilo que não precisa ser levado ao pé da letra, mas também não precisa mais causar espanto, em plena segunda década do século XXI.
A TNG também brincou com texturas em sua coleção. Mas o foco aqui é um homem mais jovem, meio “easy rider”, que leva na roupa as marcas de suas andanças. Trata-se de um homem feito de retalhos, marcado por manchas do caminho, afeito a experiências, digamos, mais radicais do que batalhar na selva urbana.
O jeans é o uniforme do homem TNG. Misturá-lo com peças de alfaiataria, a sua maneira de mostrar até onde está disposto a ceder ao “sistema”. Aliás, a marca quis mesmo evidenciar o visual rústico do jeans do início do século XIX, quando ele ainda era sinônimo de trabalhador braçal.
Os moços trazidos pela Ellus enquadram melhor às exigências dos novos tempos, onde é preciso ter personalidade para se destacar – pelo menos em teoria. Também brinca com as texturas para preservar certa rebeldia. E nas peças feitas de jeans, recobertas de distintivos e símbolos de tribos urbanas, reencontra a verdadeira natureza. A inspiração vem do filme “Os Selvagens da Noite” (1979), daí a imagem de “bad boy” e a referência às gangues de rua. No caso, gangues com pegada “fashionista” e com apreço pela tecnologia têxtil. Entre os destaques da coleção, está o macacão, peça ainda pouco usada pelo homem brasileiro.
O macacão jeans, aliás, também surgiu na coleção da Cavalera. Esta, por sua vez, utilizou o jeans mais escuro e lixado como base. O aspecto utilitário se manteve, mas o resultado é mais comportado. A coleção dessa marca de jeanswear apresentou um homem com estilo mais “folk”, que usa tons terrosos e camisa xadrez. Um personagem conhecido da moda masculina, com aspecto bastante atual.
Valor Econômico – SP