06/02/2015 05:00
Por Tainara Machado e Arícia Martins
O ponto mais animador do cenário em 2015 é que ‘finalmente temos reconhecimento de que a situação é séria e que é necessário promover ajustes”, afirma Heitor Klein, presidente da Abicalçados. O empresário não se diz confiante, mas “aliviado”. Apesar das medidas serem contracionistas, “era pior no ano passado, quando não sabíamos para que rumo estavámos caminhando”. Em sua avaliação, os ajustes em curso podem fazer com que 2016 seja melhor. Nem o possível racionamento de energia é colocado no topo das preocupações do empresário. Para Klein, esse é um problema “subjacente”. O problema, afirma, é se o racionamento viesse em um momento de demanda aquecida. Como não é o caso, o impacto sobre as fábricas deve ser menor, avalia.
Se o governo for bem-sucedido no ajuste econômico, a confiança dos investidores tende a melhorar lentamente e o desempenho do setor de construção pode ficar mais positivo passado o início do ano, diz o presidente da Abramat, Walter Cover, que projeta alta entre 0,5% e 1% do faturamento real das empresas associadas em 2015. Carlos Pastoriza, da Abimaq, que reúne empresas de máquinas e equipamentos, é bem mais pessimista.
“Estamos conversando com o governo para que, além do pacote do mal, também tenhamos o pacote do bem”. Pastoriza reconhece que pensar em redução da carga tributária é “sonho” neste momento, mas avalia que uma reforma que simplificasse a cobrança de tributos já amenizaria os efeitos negativos do aumento de custos neste ano, por exemplo. “Temos que criar condições para retomada da economia, e não só elevar impostos”, afirma. Sem essa agenda, diz, o faturamento do ramo deve encerrar o ano com queda de 6% do faturamento real, após tombo de 14% em 2014.
Valor Econômico – SP